domingo, 1 de fevereiro de 2015

Qual o seu Fetiche??

Qual o seu Fetiche??

Tento mostrar um sexo que as mulheres curtam’, diz diretora de filmes pornôs site O Globo




Engana-se quem pensa que é de romance que elas gostam. É comum encontrar filmes de soft porn (pornô leve) para mulheres sem cenas de sexo explícito, mas com muitos beijos, suspiros e olhares penetrantes. Tudo besteira, diz a diretora de filmes pornôs Erika Lust. A sueca radicada em Barcelona faz filmes para satisfazer as moças, mas todos têm “sexo de verdade” — penetração anal ou mulheres com seios fartos de silicone não integram tal conceito, segundo define. Feminista de carteirinha, a cineasta de 37 anos prefere retratar o que chama de fantasias femininas, como transar com um entregador de pizza (que liga no dia seguinte) ou com outras mulheres. Seu primeiro filme, “The good girl” (2004), de graça na web, teve mais de 2 milhões de downloads só nos primeiros dias. Já “Five hot stories for her” foi o melhor filme do ano no Festival Pornô Feminista de Toronto. Agora, Erika se dedica a “XConfessions”, que reúne histórias reais dos seus fãs.
sexoOs filmes pornôs convencionais nunca a excitaram. Quando você decidiu fazer algo para mudar isso?
Venho da Suécia, um país muito feminista. Quando era mais nova, o movimento se dividia entre as mulheres que se opunham à pornografia e as que a viam como parte da revolução sexual. Eu, que na época estudava Ciências Políticas na Universidade de Lund, notei que vozes femininas praticamente não existem na indústria de filmes adultos, um gênero feito para homens e por homens. Decidi mudar isso.
De que forma seus filmes se diferenciam dos da indústria tradicional?
Há um erro clássico dos filmes para mulheres, mas feitos por homens: eles acham que gostamos de soft porn, sem cenas explícitas, mas com história romântica, dançarinos de tango, pessoas bebendo champanhe, espiões, sexo em frente à lareira... Baboseira! Tudo é delicado, como se mulheres fossem princesas da Disney. Meus filmes são sobre sexo de verdade.
Você não filma sexo anal e homem ejaculando no rosto da mulher. Por quê?
A maior parte das cenas no pornô não é realista: mulheres tendo orgasmos múltiplos numa posição sem contato com o clitóris ou prontas para sexo anal a qualquer momento... Tento mostrar um sexo que as mulheres curtam. Recentemente até filmei, pela primeira vez, um homem ejaculando no rosto da parceira, porque ela pediu. A regra é dar prazer à mulher.
Ser mulher e dirigir filmes pornôs é um ato político?
Sou feminista e estou tentando fazer algumas mudanças numa área muito machista. Então, sim, meu trabalho é um protesto contra a objetificação da mulher. Mas meu interesse principal é a arte, apesar de estar sempre atenta a tudo relacionado a sexo, feminismo ou direitos LGBT.
Sua produtora, a Lust Films, tem dez anos. A indústria pornô de hoje é muito diferente da de uma década atrás?
É basicamente a mesma, só que com mais de tudo. Há mais conteúdo, mais filmes amadores, mais conteúdo glamcore (romântico, mas explícito) e hardcore. Mas o que todos têm em comum é que são feitos para satisfazer os homens.
O sucesso de “50 tons de cinza” fez com que as mulheres se sentissem mais livres para expressar seus desejos?
A popularidade do livro expandiu a visão das mulheres como seres sexuais e como consumidoras de pornografia, o que tornou mais fácil, para muitas, descobrir e desfrutar da literatura erótica, de brinquedos sexuais, blogs e até mesmo dos filmes pornôs. E isso é uma coisa fantástica! Mas, pessoalmente, não acho que a série tenha algum mérito literário ou um bom conteúdo sexual. Os estereótipos retratados mais reforçam as fantasias masculinas do que representam as femininas.
De onde você tira inspiração?
Algumas fantasias são minhas, mas, hoje, tiro ideias principalmente dos meus seguidores nas redes sociais. Essa é a ideia do projeto “XConfessions”, que estou tocando. As histórias mais sexies e incríveis acontecem na vida real, e as pessoas não fazem ideia do tipo de fantasias eróticas que seus próprios colegas de trabalho têm para contar. Então por que não dar a chance de as pessoas confessarem, anonimamente, suas peripécias? Não poderia sonhar com uma inspiração melhor do que meus próprios fãs tarados.
A qualidade técnica também é um diferencial dos seus filmes, mas a cena pornô alternativa não tem grandes orçamentos. Como consegue contornar isso?
A tecnologia hoje nos permite criar conteúdo audiovisual de alta qualidade sem gastar quantias exorbitantes. O segredo é usar a criatividade. Claro que não é barato fazer um filme como uma diretora independente... É preciso pagar os atores, o aluguel da locação, a equipe técnica, o equipamento... Mas admito que os negócios estão indo bem e tenho podido fazer filmes cada vez mais interessantes com boas locações e roteiros complexos.


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