quinta-feira, 5 de junho de 2014

A Psicologia e o Fetiche

A Psicologia e o Fetiche

A palavra fetiche vem da palavra feitiço, do português, a qual surgiu no século XV e serviu para descrever figuras sagradas e objetos investidos de alguns poderes espirituais. Em meados do século XVIII, era descrita no campo da etimologia com o significado de crenças religiosas. O dicionário da Psicologia de Dorsch (2001) define fetiche/fetichismo como um termo para designar a crença em um poder misterioso, como uma forma primitiva de culto.
Segundo Michel Foucault (1988), na antiguidade grega, a sexualidade não manifestava por uma estrutura rígida. Dentro de uma normalidade concebida na época, o gênero não possuía a mesma concepção de hoje, tanto o masculino quanto o feminino eram estabelecidos não pelo comportamento, mais “delicado” ou “viril”, e sim pelo caráter biológico. O único objetivo era atingir prazer, permitindo o enlace deste com o poder, ou seja, na medida em que avança a conquista deste prazer, alcança-se o poder e vice-versa.
O conceito de perversão, etimologicamente falando, resulta da fusão de: per + vertério (por às avessas, desviar), designando o hábito de o sujeito perturbar a ordem do estado natural das coisas. De acordo com este significado, o conceito de perversão foi entendido com uma abrangência que inclui outros desvios que não unicamente os sexuais.
Freud (1927) dizia que a estrutura perversa do fetichista dá-se devido a sua não aceitação ou a negação acerca do fato de sua mãe ser castrada, já que esse fato remete à possibilidade de sua própria castração, e tal fato causa-lhe muita angústia. Desta forma o fetichista segue relacionando-se de forma parcial com os objetos. O pé representaria o pênis. Anéis e brincos, sapatos ou chinelos estariam no lugar do genital feminino.
Cabelos significariam pelos pubianos. Quase todos os fetiches seriam símbolos de genitais femininos ou masculinos. O fetiche pode estar relacionado a elementos pré-genitais (fezes, urina) e, muitas vezes, o cheiro tem grande importância. Existem fetichistas sádicos, que sentem prazer com castrações simbólicas, como corte de tranças. A patologia caracteriza-se apenas quando o anseio pelo fetiche toma o lugar do objetivo normal. Casos de transição ocorrem quando o objeto sexual deve preencher uma condição específica: cabelo de certa cor, cor da roupa, algum defeito físico.
Porém, não se deve crer que todo fetichista tem um transtorno.  Embora haja uma tendência de pensarmos que o fetichismo ou a manutenção de um fetiche seja uma particularidade específica da sexualidade perversa, a Psicologia tece considerações a respeito e argumenta que todas as pessoas apresentam alguns fetiches. Cada uma se sente atraída por determinado estilo de vestimenta, acessório ou por indivíduos dotados de certos atributos ou características físicas. Entretanto, pondera sobre a normalidade, enfatizando que o que não é normal é a obtenção de prazer sexual, inapelavelmente, somente com o seu fetiche.
Sempre haverá certo grau de fetichismo no amor normal, pois os fetiches cercam os homens por todos os lados, como nas pequenas coisas que passam despercebidas: algum objeto da pessoa amada protegido e guardado como a própria vida, fotos e adereços. Em razão disso, é importante saber equacionar e canalizar a energia sexual, de maneira tal que o prazer possa ser compartilhado com o outro, pois, sem o outro, o amor foge ao aceitável.

FERNANDO CESAR DE CASTRO SCHREIBER
http://libidoatona.wordpress.com/2012/07/31/a-psicologia-e-o-fetiche/


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