sexta-feira, 14 de março de 2014

Estranhos Prazeres


Acho oportuno mencionar algumas perversões sexuais para entendermos e visualizarmos algumas práticas sexuais. Não quero aprofundar-me nestes conceitos, mas os considero relevantes para entendermos a sexualidade e de como o ser humano se apropria da mesma, portanto, vou relacioná-los, explicando sucintamente cada prática.

Fist fuckingou (punhada)
Prática sexual de inserção da mão, pulso e algumas vezes parte do antebraço no ânus ou na vagina. Conforme Lins & Braga, 2005: 137:
  “Para que se acomode completamente, a mão precisa estar fechada. Danos à pele, aos nervos e aos músculos são possíveis, por isso os praticantes vêem o fisting como uma arte, e é mais seguro se aprendido com um expert. O uso de luvas de látex é medida de precaução para o sexo seguro. Apesar de assumidos como parte de um repertório sadomasoquista, pode haver uma divergência entre as necessidades e os interesses dos praticantes do fisting e do sadomasoquismo, já que o elemento agressivo de uma cena sadomasoquista pode ser incompatível com a concentração e o cuidado para o fisting”.
   Essa atividade é praticada tanto por heterossexuais como por gays. Numa cena do filme Calígula, é mostrado o imperador romano praticando-a num noivo, após o casamento.
   O fisting entre um casal, homem e mulher, seria prática democrática em que os parceiros sempre podem reverter os papéis (apesar de em alguns casos apenas um possa querer ser punhado), e há o argumento de que o ato possa ter um significado de poder atrelado a ele: atingir a alma do outro, preencher o corpo do amante, explorar e descobrir um espaço secreto. Por conta dessas conotações simbólicas e também do risco físico, o fisting geralmente origina laços de confiança particularmente intensa entre os parceiros.
Stonebutch
Lésbica que não permite que suas parceiras a toquem na relação sexual. Sobre isso, os autores escrevem:
  “As stone butchs são altruístas na atenção dada ao prazer de sua amante, mas impenetráveis ao toque sexual. Elas desafiam supostas formas comuns da prática sexual entre as lésbicas. Uma variável da homossexualidade feminina, a stone butch estaria localizada num espectro de masculinidade feminina. Elas seriam uma espécie de transgênero”. (ibidem)
Froterismo - oufrottage
Ato de obter prazer esfregando o corpo contra outro ou contra um objeto. Lins & Braga complementam:
  “Prática um tanto inconseqüente. No froterismo não-consensual uma pessoa se esfrega em outra na multidão ou em transportes coletivos lotados e age, ao ser abordada, como se tivesse sido um ato acidental. Entretanto, é incontestável a pressão óbvia do pênis ereto contra as nádegas da vítima”. (2005: 138)
Bondage
Prazer obtido pela imobilização de um dos parceiros. Originária do Oriente, essa prática pode envolver braços e pernas ou imobilização completa. São usadas cordas, tiras elásticas, couro, panos e até fitas adesivas.
Cottaging
Sexo homossexual anônimo praticado em locais públicos (public conveniences). Recorro novamente a Lins & Braga, 2005: 138:
  “Na Inglaterra, os banheiros públicos nos parques se assemelham a pequenas casas com o telhado inclinado, por isso o nome cottage (cabana). A maior parte do cottaging ocorre entre homens, embora haja casos de mulheres que utilizem a prática (o filme de John Waters, Desperate Living (1977), tem uma cena de cottage lésbico).
   O cottaging é ilegal em muitos países e pode resultar em processo criminal se ocorrer o flagrante. No Reino Unido, a lei da indecência nojenta (gross indecency), usada contra Oscar Wilde, em 1895, ainda está em uso. A polícia realiza prisões em massa de ho¬mens praticando cottage em praias e parques”.
   Um estudo sobre homens que praticaram o cottaging descobriu que 20% começaram entre as idades de 10 e 14 anos e 32%, entre 15 e 19 anos. A pesquisa também indica que 75% dos entrevistados visitavam regularmente grupos e lugares gays, criando um conflito com a idéia de que quem pratica cottage são indivíduos isolados e incapazes de lidar com a própria sexualidade.
   Um exemplo de processo criminal por cottagingfoi a prisão do cantor inglês George Michael, em 1998, em um banheiro em Los Angeles. Apesar da atenção da mídia, o fato não acabou com sua carreira, sugerindo que atitudes públicas relativas a cottaging estão se tornando mais tolerantes.
Pigmalionismo
Excitação com estátuas e manequins. Em um conto de Charles Bukowski, intitulado Amor por $17, 50, que está no livro “Ao sul de lugar nenhum”, o autor retrata de uma maneira divertida o amor de um homem casado por um manequim.
  “O termo se refere ao mito grego do escultor Pigmalião, que se apaixonou por uma de suas estátuas. A seu pedido, a deusa Afrodite deu vida à sua obra. Seu significado atual identifica pessoas que sentem atração sexual por estátuas e manequins. Há registros históricos de estátuas com falos, como o do deus Príapo (Grécia, Antigüidade), que as virgens utilizavam para a primeira penetração. Até meados do século XX havia registro de índias que perdiam a virgindade com falos sagrados”. (LINS & BRAGA: 2005, 139)
Coprofilia
  Excitação sexual produzida pelo cheiro, visão, gosto e contato com fezes. Refere-se a usar excremento no sexo. Isso pode incluir defecar no parceiro, mesmo que seja durante o intercurso anal, sujando ou brincando com as fezes, defecar na roupa, usando duchas ou enemas, evacuação manual ou comendo as fezes (coprofagia). A coprofilia é freqüentemente relacionada ao sadomasoquista. Nos grupos em que a cor do lenço é um código para denotar a preferência sexual da pessoa, as cores seriam bege ou marrom.
Urofilia
Excitação erótica causada por ações que envolvam a urina. Sobre esta prática sexual, os autores explicam:
  “Uma das razões do procedimento pode ser a prática de ato que era proibido na infância. A mãe vetava a manipulação do pênis, mas era possível fazê-lo quando urinavam. A combinação de rebeldia e poder se constitui num afrodisíaco para alguns. Os homens secretam androsterona na urina, um hormônio sexual que provoca atrações em algumas mulheres. Há casos de jovens que freqüentam banheiros masculinos em busca deste cheiro. Os urófilos urinam no corpo dos parceiros, na genitália, no rosto e na boca. A urina pode cumprir o papel de punição, recompensa ou humilhação, dependendo da expectativa de cada um”. (LINS & BRAGA, 2005: 139)
Prazeres Agressivos
Sadismo
  É o prazer ao infligir sofrimento a alguém sob a forma de dominação, dor física ou emocional. Qualquer semelhança com o Marquês de Sade não é mera coincidência. Personagem tão polêmico só poderia ter um termo só pra ele. Escritor que descreveu o sadismo em seus livros e na sua vida. “Os sádicos podem ser extrema¬mente perigosos, desviando-se para o homicídio com facilidade. Sentem prazer nas relações de suas vítimas, como gemidos, choro e movimentos desarticulados”. (Ibidem)
  Os sádicos podem manifestar desvios de conduta. Um caso muito conhecido, e, diga-se de passagem, impressionante, aconteceu no final do século XX. Armin Meiwes, de 42 anos, alemão, colocou um anúncio na Internet, convidando pessoas para serem assassinadas e canibalizadas por ele. Conseguiu candidato, o engenheiro Bernd-Jürgen Brandes, e, após torturar a vítima consentida, o esquartejou e comeu.
Masoquismo
  Prazer com o sofrimento e a dominação por outra pessoa.
   Ao contrário do sádico, o masoquista “encara o medo, a dor ou a humilhação e não só sobrevive a eles como atinge o orgasmo”. (Ibidem)
   A palavra se refere ao escritor Leopold von Sacher-Masoch (Áustria, século XIX), autor do romance “A Vênus das peles”, no qual descreve os desejos de dominação e dor do protagonista. O masoquismo exerce um papel no desenvolvimento da autoconfiança e da auto-estima. Como citamos anteriormente no capítulo, a perversão possui dois pólos, os que executam e os que se submetem.
Auto-asfixia erótica
Asfixia para aumentar o prazer no orgasmo. Conforme Lins & Braga, (2005: 140):
“A asfixia é resultado da compressão dos vasos sanguíneos que, diminuindo o oxigênio no cérebro, provoca uma sensação de tontura e início de desmaio. É extremamente perigosa; alguns segundos a mais e a pessoa fica inconsciente e pode morrer. [...]A motivação pode ser puramente a vontade físico- emocional de aumentar o prazer, mas alguns teóricos situam essa motivação psicológica na necessidade de ser punido, ou de suavizar a culpa de uma forma bem masoquista. Pessoas que sofrem de culpa excessiva durante a masturbação ou outras práticas sexuais, geralmente membros de famílias religiosamente conservadoras, são os principais candidatos ao sufocamento auto-erótico. Não se considera que os praticantes tenham tendências suicidas, mas uma preferência sexual que os predispõe ao perigo”.
Em 1791, o Marquês de Sade descreve num romance o caso de um homem que se enforca tentando experimentar o êxtase sexual, assim como no conto “Vísceras” de Chuck Palahniuk, em anexo ao final deste trabalho, descreve uma outra maneira de se obter prazer através do sufocamento, mas desta vez, segurando a respiração debaixo d´água. A asfixia sexual é considerada por alguns uma forma de masoquismo.
Barebacking (lombo nu)
   Sexo desprotegido entre gays.
  Ao fazer um trabalho sobre sexualidade, no qual entrevistei algumas prostitutas e garotos de programa, alguns revelaram a existência de grupos que se reúnem para esta prática, alegando que seria uma maneira de “superar a morte”. Vejamos sua definição:
  “Mais do que práticas sexuais desprotegidas ocasionais, barebacking é, na verda¬de, uma ideologia. É praticado por homens soropositivos, dispostos a fechar os olhos para as mutações do vírus HIV ou cansados de ser policiados pela Aids e por homens soronegativos, que negam o risco real de contaminação ou ignoram a inevitável capacidade de mutação dos vírus, e o não-conhecimento dos efeitos a longo prazo das drogas existentes.
Muitos homens jovens homossexuais são levados, por causa da falta de iniciativas governamentais, a crer que a Aids já não causa mais problema, desde a chegada, na década de 1990, da segunda geração de drogas anti-retrovirais.
A ideologia barebacking rejeita a "castração dos gays" por causa da Aids, fazendo propaganda da contaminação, como se a doença fosse uma transgressão estimulante, e a liberação gay, um estilo de vida meramente hedonista. Naturalizar o sexo desprotegido neutraliza a vergonha e transforma o risco de contaminação em uma escolha de vida aparentemente aceitável do ponto de vista ético”. (ibidem)
Zoofilia
    Sexo entre humanos e animais.
   Alguns filmes pornográficos demonstram este tipo de prática sexual. Em algumas culturas e sociedades são comuns, por exemplo entre os meninos, como passagens da adolescência para a idade adulta. Animais que intensificam a satisfação sexual, como formigas que eram provocadas a ponto de ferroarem o clitóris, animais como gato e cachorro que são treinados para o sexo oral com mulheres são alguns exemplos. Os autores acrescentam e nos explicam:
  “O interesse sexual por animais se apresenta de três formas diferentes: a) o prazer é obtido só com a visão deles fazendo sexo; b) a pessoa se excita e tem prazer com carícias dos animais; e c) o que se chama de bestialidade, ou seja, a cópula com animais. Essa maneira é mais comum para os homens do que para as mulheres. Oito por cento deles declararam, no relatório Kinsey de 1948, ter tido essa experiência. As mulheres preferem só assistir aos animais copulando, coisa que era bem-vista na aristocracia francesa e inglesa do século XVI. Os dados não devem ser muito precisos, porque pouca gente tem coragem de contar sobre o que é tão repudiado socialmente”. (LINS & BRAGA, 2005: 142)
Rainbow kissing
Menstruação, sêmen e beijo.
Após o homem ejacular dentro da vagina de uma mulher menstruada, ele chupa o sêmen e o sangue menstrual e beija a mulher, passando os fluidos para sua boca. É uma variação do rainbow showers, em que uma mulher menstruada urina sobre seu parceiro sexual.
Prazeres Criminosos
Pedofilia
  Atos sexuais com a participação de crianças ou pré-púberes. Para discutir assunto tão complexo e que muito normalmente nos intriga e ao mesmo tempo asco, não pretendo aprofundar-me nas questões estruturantes da personalidade ou da psique de indivíduos que possuem tais desejos. Lembro os leitores que o meu intuito é apresentar as inúmeras formas e maneiras que podem caracterizar em perversões sexuais, o que estou convencido de que possuem como alicerces a “Perversão” como estrutura psíquica, mas admito que esta discussão merece ser aprofundada, o que farei em outro momento. Sobre a pedofilia, novamente recorro à Lins & Braga, inclusive com dados históricos:
  “A pedofilia se define como distúrbio mental e geralmente se refere à predisposição do adulto em procurar parceiros sexuais pré-púberes - menores de 13 anos. As vítimas, em alguns casos, são bebês de poucos dias ou meses. Devido à disparidade das leis de idade consensual, em algumas jurisdições adultos podem ser processados por estupro de menor, mesmo quando sexualmente envolvidos com pessoas de 16 ou 17 anos”. (2005: 143)
  Historicamente, a maioria das sociedades não fez uma divisão tão definida entre a sexualidade adulta e a inocência infantil como se faz hoje. No passado, não era incomum que as babás masturbassem as crianças para fazê-Ias parar de chorar. Como viviam em cubículos e compartilhavam camas, as crianças não eram separadas dos hábitos sexuais adultos e eram consideradas prontas para o casamento e a reprodução assim que atingiam a puberdade (devido à nutrição deficitária, a puberdade tendia a ser mais tardia do que o comum nas sociedades modernas).
Após o período vitoriano (século XIX), quando a infância e a adolescência passaram a ser entendidas como distintas da idade adulta, foi desenvolvida a noção de proteção da inocência das crianças, particularmente a das meninas. Entretanto, a construção da inocência das meninas caminhou lado a lado com o aumento da fetichização e da exploração. A prostituição infantil e o abuso sexual são questões próprias do mundo moderno, junto com o aumento do turismo sexual nos países em desenvolvimento. Também a Internet está tendo um papel importante na produção e disseminação da pornografia infantil.
   A pedofilia é pautada na imposição de alguém mais forte a alguém mais fraco. A fácil manipulação e o controle total de uma situação. As crianças muitas vezes, iludidas por doces, brinquedos são fáceis presas para estes indivíduos. São agredidas e ameaçadas a não contarem o abuso. Com medo e sem ao menos saberem direito a quem recorrerem, ficam a mercê dos adultos.
Estupro
Ato sexual sob coação de um dos parceiros.
Também é considerado estupro sexo com menores, mesmo que consensual. O estupro é o crime sexual mais praticado em todas as épocas, com criminosos de todas as classes sociais. Na Antiguidade, muitas vezes quando uma terra era invadida, seus dominantes estupravam as mulheres e matavam as crianças. É difícil definir exatamente quando ocorre um estupro e suas vítimas não conseguem provar tal crime, violência que muitas vezes acontece na própria família.
Necrofilia
Atração sexual por cadáveres, Tratando-se de uma parafilia rara. Conforme os autores, “durante as guerras são mais comuns” e exemplificam que “os soldados vencedores praticavam, na campanha marroquina, de 1919, sexo anal com cadáveres recentes e moribundos para aproveitar os espasmos que ocorrem durante a morte”. (Ibidem)
Filme snuff
  Imagens cinematográficas envolvendo sexo, tortura e assassinato. O filme protagonizado por Nicolas Cage, “Oito milímetros” retrata o assassinato de um homem idoso, muito rico que guardava alguns filmes misteriosos, descobertos pela esposa e que contratou um detetive para investigar o crime. Nas películas, cenas bizarras de violência a homens e mulheres, estupro e assassinato. Vamos nos apropriar mais uma vez do texto de Lins & Braga, 2005: 145:
  “Audiovisual, muitas vezes pornográfico, no qual se mostra um suposto ou real assassinato. Sua produção visa ao entretenimento. A existência comprovada de snuffs é uma controvérsia. Há suposições de que seja uma lenda com o objetivo de provocar pânico no grande público. Um funcionário de uma produtora de vídeos pornográficos, na Inglaterra, relatou sobre um filme snuffnorte-americano e sobre vários outros passados na Alemanha, nos anos 1970. A maioria retratava estrangulamentos e por isso não era possível afirmar sua autenticidade. É claro que toda essa polêmica aumenta o valor dos supostos snuffs.
   Em Lichamentos do Ed, que registra assassinatos da família Manson, uma mulher acorrentada é lentamente torturada e assassinada. O FEl deu crédito ao filme como verdadeiro. O filme Cannibal Holocaust, de Ruggero Deodato, exibe mortes de animais (tartarugas, porcos) e pelo menos um homicídio. A justiça italiana o obrigou a apresentar o ator vivo, e ele se apresentou. Os animais realmente foram mortos. Em Boston, Es tados Unidos, foram noticiadas vendas de cópias de filmes snuffs. Na Europa, a polícia investiga a venda de filmes que mostram assassinatos de crianças na Rússia.    Os compradores desses filmes talvez se excitem com as cenas exibidas, por fazerem parte de suas fantasias. Para alguns a sensação de poder é alimentada, e eles guardam fotos e vídeos”.
Referência Bibliográfica:
- LINS, R. N. & BRAGA, F. O livro de ouro do sexo, Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.

Breno Rosostolato

Um comentário:

  1. OLÁ, SOU DE SP, QUERO MUITO SER INICIADO EM FIST, ADORARIA SER ARROMBADO POR MULHER OU CASAL, ADORARIA SER FISTADO PELOS DOIS, URGENTE, QUERO SER ESCRAVO SUBMISSO... custodioal10@gmail.com

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